12 abril, 2011


Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.
Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.

Acaba-se a última porta.

O resto é o chão do abandono.
Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.

Andar...Perder o seu passo

na noite, também perdida.
Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.

Andar...-enquanto consente

Deus que seja a noite andada.
Porque o poeta, indiferente,
anda por andar - somente.
Não necessita de nada. 

(Cecilia Meireles - Canção da noite alta) 


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