07 outubro, 2009

A outra parte de mim


















Eu fui filha única por quase 6 anos, reinava absoluta na família e entre os amigos. Um dia, ela chegou. Foi encontrada numa cestinha de flores, assim me explicaram e passei a ver aquela menininha de cachinhos entrar na minha vida e virar tudo de cabeça para baixo.
Levei os 6 anos seguintes pensando que ela era só minha e que tinha que fazer tudo o que eu fazia e ensinava a ela fazer e gostar do que eu gostava, incluindo andar de carrinho de rolimã, patinete, patins e bicicleta. Queria mostrar aos meus amigos como ela era igual a mim. Só aos 12 anos percebi que isso não era possível, aquela menininha era muito pequenina e não dava conta das minhas exigências.
Depois veio uma fase diferente, onde eu não entendia porque ela bagunçava tudo com suas bonecas e desarrumava todo o nosso quarto com os lençóis fazendo cabaninhas. Minha penteadeira, cheia de produtos da Avon, de perfumes e batons ficava repleta de bonecas, desarrumando todo o meu mundo de adolescente chatinha. Por esse motivo brigávamos como cão e gato e meu pai sempre dizia: “vocês são só duas e vão ficar duas inimigas!”
Com o passar do tempo a vida se encarregou de nos separar, ela foi estudar medicina em Petrópolis onde passava por lá toda a semana e só voltava para casa aos sábados. Tudo ficava vazio, sem graça, mas era um terremoto quando ela chegava. Era tênis jogado pela sala, meias pelo corredor, jaleco em cima dos sofás, os livros pelas camas. Mas era uma alegria tê-la de volta! Quanta saudade!
Mesmo nessa época não tínhamos ainda muito que conversar, a diferença de 6 anos continuava marcante: eu estava noiva, formada, cheia de planos para o futuro e ela, nas festas, com os namoradinhos, as amigas (que por sinal eu morria de ciúmes).
Anos depois a diferença já não existia. Tínhamos chegado ao ponto em que as cabeças eram iguais. Mas a vida não facilitou para nós e as saudades começaram a aumentar cada vez mais. A menina dos cachinhos, agora casada foi morar em Juiz de Fora, depois Natal, Brasília, Estados Unidos, Irlanda e atualmente em Rondônia.
Pois saibam vocês que essa garotinha que chegou tão de repente e partiu tão cedo para viver seu mundo longe de mim é minha metade, meu inteiro, minha amiga, companheira, confidente, meu apoio, meu amor. Sem ela nada tem sentido.

Amo você minha irmã, minha menina dos cabelinhos de São João!


Regina Fernandes

4 comentários:

Merciasz disse...

Régis, muito lindo !
Qual o nome da metade????
Deve ser muito bom ter irmã....
bj

Fabuloso disse...

Que lindo o texto! Nota 10! Beijos!

Victor Gil disse...

Oi amiga Regina.
Pelo que vejo, suas férias acabaram. O que é bom sempre acaba depressa. Penso que a história que conta é de sua irmã. Nunca duvidei que era sua irmã, porque já reparei quem era. Mesmo agora que conta a sua história, continua a pensar que se parece consigo. Mas isso não interessa. O que interessa é o amor, e isso é a coisa mais importante da vida.
Beijos e bom regresso deste teu amigo que te considera muito.
Victor Gil

Flavia disse...

xuxuuuuuuuuuuuuu!!!
to aqui em lágrimas!!!
assim o coração num guenta!!!
me aguarde que tem troco, viu?
te amo muito!!!
beijos