06 setembro, 2008

A Família como Instituição Social














O termo “família” vem originalmente do latim “famulus”, que significa conjunto de servos e dependentes de um chefe ou senhor. Entre os chamados dependentes inclui-se a esposa e os filhos.
A família se constitui hoje como um espaço privilegiado para arregimentação e fruição da vida emocional de seus componentes. É inegável a sua importância no que se refere às relações sociais, pois é nela que aprendemos a perceber o mundo e a nos situarmos nele. É onde se forma a nossa primeira identidade social, sendo a família a mediadora entre o indivíduo e a sociedade.
É impossível entender o grupo familiar sem considerá-lo dentro da complexa trama social e histórica que o envolve. Sendo constituída de formas diferentes em situações e tempos diferentes, a família não é algo natural, biológico, mas uma instituição criada pelos homens em suas relações sociais. Essa instituição social forma-se em torno de uma necessidade material: a reprodução, sendo esta uma condição para a existência da família. Além da sua função ligada à reprodução biológica, a família exerce uma função ideológica, promovendo também sua reprodução social, ensinando a seus membros como se comportarem fora das relações familiares em toda e qualquer situação, sendo a formadora do cidadão.
A atuação familiar é vivida intensamente pelos indivíduos, agindo poderosamente no exercício da subordinação ideológica (representação institucional da família como algo natural e imutável), pois está presente desde o início da vida e é marcada por fortes componentes emocionais que estruturam, de forma profunda, a personalidade de seus membros.
Para alguns autores, a instituição familiar da sociedade capitalista é, universal e imutável tornando-se “sinônimo de família”. Outras formas são consideradas estruturas que ainda vão se diferenciar em direção a esse modelo ideal de família. Este teria por função desenvolver a “socialização básica”, numa sociedade capitalista que tem a sua essência no conjunto de valores e de papéis.
Já no olhar de outros autores, a família é o lugar onde se forma a estrutura psíquica, onde a experiência caracteriza-se, em primeiro lugar, por padrões emocionais; sendo o espaço social onde gerações se defrontam mútua e diretamente, e onde os dois sexos definem suas diferenças e relações de poder. Idade e sexo estão presentes, é claro, como indicadores sociais em todas as instituições.
Friedrich Engels elaborou a formulação materialista dialética sobre a gênese e as funções da família monogâmica, que surgiu e foi determinada pelo aparecimento de propriedade privada. Da forma de “família grupal”, na sociedade primitiva, a organização familiar teria evoluído para a “família monogâmica”, com estágios intermediários caracterizados sucessivamente por um grau cada vez maior de restrições às possibilidades de intercurso sexual. A culminância desse processo se deu com o “casamento monogâmico”, composto por um casal e com um caráter permanente de duração. Uma de suas principais finalidades seria a de garantir a transmissão da herança a filhos legítimos do homem, responsável pela acumulação material, o que só seria possível com a garantia de que a mulher exercia sua sexualidade no âmbito exclusivo do casamento, deixando claro, a importância da virgindade e da fidelidade conjugal da mulher.
Ao ouvirmos referências como: “crise familiar”, “conflito de gerações” e “morte da família”, percebemos que mesmo sendo a família, para alguns, a base da sociedade, a garantia de uma vida social equilibrada e célula sagrada que deve ser mantida intocável a qualquer custo; para outros, ela é uma instituição que deve ser combatida, pois representa um entrave ao desenvolvimento social, sendo nociva e propiciadora de neuroses e submissão de crianças e mulheres.
O amor e a autoridade constituem o eixo central da família (existe uma autoridade que diz o que devo fazer ou não para ser amado), caracterizando a família essencialmente pelas vivências emocionais desenvolvidas entre seus membros e pela hierarquia sexual e etária. As vias pelas quais, afeto e poder se relacionam dentro da família permitem-nos comparar os diferentes modelos de família e entender a dinâmica interna da família moderna associada a suas funções de reprodutora ideológica.


(Regina Fernandes)

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma instituição que não se pode permitir à falência, necessitamos de base, de valores, de respostas que só na família encontramos...

Sou matriarca duma familia que construí há 38 anos, gerei filhos que geraram filhos que gostam de estar juntos amando-se e respeitando-se e com isso valorizando-a.

lindo dia,
beijos

Márcia disse...

Bom domingo!!
beijos