11 junho, 2011

In Vino Veritas


O provérbio latino In vino veritas - "No vinho está a verdade" - é considerado a expressão máxima do efeito do vinho, ou seja, sob a sua ação prevalece a verdade.

Conta a lenda que numa aldeia romana, na era do cristianismo, os habitantes eram avessos à nova doutrina. Então as autoridades religiosas resolveram enviar um bispo para resolver o problema e espalhar ali a religião. O bispo concluiu que o jovem sacerdote era muito tímido e seus sermões não entusiasmavam os habitantes da aldeia. Então aconselhou ao sacerdote que bebesse alguns cálices de vinho antes de iniciar os seus sermões. O resultado foi espantoso! O jovem enalteceu tanto as virtudes do cristianismo, que o bispo, pasmo com a transformação considerou que ele tinha exagerado na quantidade de cálices.
E, como in vino veritas, a aldeia tornou-se um exemplo de cristandade...



Eu gosto muito de vinho e acho que os dias frios de inverno é a época ideal para se tomar bons vinhos, principalmente os encorpados. Eles caem excepcionalmente bem devido ao fato de que, como toda bebida alcoólica, esquentam o corpo e geram uma sensação de satisfação. E combinado ao vinho também têm os deliciosos pratos da estação como fondues, massas, sopas, queijos, assados, risotos, pizza…

Conhecer e saber escolher vinhos parece uma tarefa que não está ao alcance de todos, pois existem opções quase infinitas e diversas variáveis a ter em conta: região, casta, ano de produção, cor, aroma e sabor, harmonização com comida, conhecer o rótulo. São realmente muitas variáveis para o comum dos mortais. 
Eu acredito que a melhor e mais gostosa forma de aprender a escolher os vinhos é através da prática de experimentar e selecionar os preferidos. Assim, o bom senso e sensibilidade de cada um farão toda a diferença. Rapidamente você terá cada vez mais prazer na hora de comprar uma garrafa daquele vinho que já sabe que aprecia, e ao mesmo tempo adquirir outra que não conhece (seja pega ao acaso, seja por indicação de amigos ou de algum artigo na imprensa especializada). 
É muito gostoso experimentar um vinho novo, descobrir novos aromas, sabores e sensações e decidir se as suas características nos agradam.


 Um do primeiros conhecimentos para começar a selecionar os vinhos que se adaptem ao seu gosto é conhecer suas características básicas, de acordo com as suas castas. Segue uma lista das características gerais (cor, aroma, sabor e harmonização com comida) que se encontram nas variedades de vinhos mais comuns no mercado:

- Riesling (itálica): cor clara, pouco perfume no aroma, sabor seco mas agradável. É a variedade que mais aparece nos rótulos brasileiros. Frios, ovos, peixes defumados e grelhados, carnes brancas em geral.
- Semillon: cor ligeiramente amarelada, pouco aromática, sabor mais encorpado, seco (no Brasil). Na frança entra na composição do famoso Sauternes, adocicado. Frutos-do-mar, queijos de massa mole (Brasil). Sobremesas, excepto as de chocolate, e patês à base de fígado
- Sauvignon Blanc: cor leve, pálida, aroma mais intenso, lembrando frutas e ervas, sabor refrescante. Peixes grelhados, frutos-do-mar, carnes brancas, massas leves.
- Chardonnay: cor que vai do amarelo pálido ao amarelo vivo. Aroma frutado quando jovem e lembra amêndoas quando envelhecido. Sabor intenso. Moluscos, queijos de massa leve, tortas secas (nozes, amêndoas).
- Gewurztraminer: cor clara, aroma e sabor bem típicos, perfumados, elegantes, recordando especiarias. Os brasileiros não tem todas estas características. Fígado de pato, frango ou pato com molho adocicado ou de especiarias e massas de molho branco (leves).
- Treviano (Saint Emillon ou Ugni Blanc: cor clara, aroma fraco, sabor de pouca personalidade (e um pouco amargo). Frios, porco, carnes brancas e grelhadas.
- Cabernet Franc : cor viva, brilhante, com aroma de framboesa, sabor de ervas. É a variedade mais citada nos rótulos brasileiros. Queijos meia-cura (minas meia-cura, camembert, brie, gouda e ementhal), massas leves de molho à base de tomate carnes de boi em molho não muito pesado.
- Cabernet Sauvignon: cor densa, com aromas diversos, sobressaindo-se os de amora e violeta. Sabor intenso quando jovem, mas com muita acidez e tanino. Envelhecido, torna-se fino e agradável. Bom para guardar. Carnes (bovina e caprina), aves nobres, queijos de massa dura como parmesão, de cabra e minas curado.
- Merlot: cor escura, encorpada, com aroma rústico, lembrando especiarias. Sabor ao mesmo tempo seco e intenso. Envelhece bem. Massas, carnes escuras (caças), queijos picantes (boursin, roquefort, gorgonzola) e cozidos em geral.
- Gamay: é a uva dos famosos vinhos Beaujolais. Cor clara, quase transparente, de aroma frutado, sabor refrescante. Deve ser bebido jovem, ligeiramente refrigerado. Alguns peixes (bacalhau, enguia), frango, vitela, coelho, porco e presunto.
- Pinot Noir: cor viva, aroma pronunciado e variado. Sabor redondo, agradável. Uva usada para grandes vinhos tintos, alguns rosados e também para o champanhe (só o sumo). Carnes de caça, carneiro, galinha-d’angola. Rosado, acompanha bem rosbife, galeto, queijos de massa fresca, frios em geral.
- Barbera: cor e aroma fortes, sabor um pouco áspero, sem muita definição. Massas, carnes cozidas (ensopados), cabrito. 

Então, aproveite o inverno e tome bons vinhos, com um delicioso petisco e boa companhia. Mas cuidado, não vá exagerar!  ;)


Um comentário:

Liliana Nuñez disse...

Regina amada, que delícia de post. Não entendo nadica de nada de vinhos, só sei que é uma delícia e eu os adoro. Com tua aulinha já me sinto mais conhecedora. Aliás, copiei e guardei teu post para consultá-lo sempre.
Um beijão
Lili