03 novembro, 2008

A Neurose Obsessiva















O tema da Neurose Obsessiva foi escolhido, entre muitos outros pela complexidade e fecundidade dos seus sintomas, percebidos, na sua maioria, em pacientes masculinos. Observamos que este transtorno apresenta uma multiplicidade tão vasta de fenômenos que até hoje não se conseguiu fazer uma síntese. Freud, de certa forma, foi quem sistematizou seu estudo a ponto de se poder encontrar determinadas características através das quais é possível apontar uma personalidade obsessiva.
O termo inglês obsession (obsessão) foi usado no século XVI, na linguagem religiosa da possessão. Ela vem do latim obsideo, que significa “ocupar um lugar” (daí a idéia de assediar e de investir) e aparece na psiquiatria francesa bem no início do século XIX para designar uma idéia ou imagem que se impõe ao espírito de maneira incoercível e inexpugnável.
De acordo com a clínica psicanalítica, a neurose obsessiva se revela um objeto interessante não só em torno da problemática transferencial analisando-analista, como no fato de ser um verdadeiro desafio clínico.
É importante colocar que percebemos desde o início das investigações de Freud, em 1894, a respeito das obsessões, que a literatura que temos à disposição é menos extensa do que a proliferação de estudos sobre a histeria. Vale destacar que o célebre caso clínico do “Homem dos Ratos” (1909) marca, de certa forma, o início desse caminho de investigações, por vezes inquietante dentro da própria clínica da neurose obsessiva, e que, o próprio Freud, neste caso, chega a afirmar que “a neurose obsessiva é um dialeto da histeria”.
A neurose obsessiva, entidade universalmente reconhecida foi um invento conceitual de Sigmund Freud, no final do século XIX, no qual ele articula uma série de sintomas até então dispersos, num conjunto, organizando uma interpretação que concedeu um novo valor à leitura e à investigação daqueles sintomas. Esse estudo foi uma sucessão às descobertas freudianas feitas no campo da histeria.
Dos textos freudianos podemos extrair de suas investigações sobre os distúrbios intelectuais, patologias do pensamento, que a origem da neurose obsessiva, assim como da histeria tem a ver com as exigências libidinosas do complexo de Édipo. O recalque é apenas um mecanismo que a defesa faz uso.
É importante ressaltar que é no texto sobre A Hereditariedade e a Etiologia das Neuroses (1896) que Freud vai usar o termo Zwangsneurose (neurose obsessiva), que em francês é empregado como “neurose dés obsessions”. Em seguida, o termo é traduzido como “neurose de coerção”. Os autores influenciados pela psiquiatria francesa usaram a palavra obsession (obsessão) para designar “neurose de coerção”. Neste texto Freud torna público pela primeira vez seu novo conceito nosográfico, situando a neurose obsessiva fora do quadro das psicoses e colocando-a junto à histeria no quadro das neuroses.


Regina Fernandes
Psicanalista

2 comentários:

Alma. disse...

http://necesitoayuda2008.blogspot.com/

Anônimo disse...

Complexo, como complexo são os sentires e o desvendar dos mistérios...
[não entendo, mas gostaria de sentar e conversar com vc, prosa boa, acredito]

lindo dia flor
beijos