22 maio, 2008
Camille Claudel - Arte e Loucura
Camille Claudel é, sem dúvida, a maior escultora da segunda metade do século XIX e da primeira metade do século XX. Nascida em 1864, é mais conhecida por sua vida atribulada que por seu trabalho. Aos 19 anos, conhece Auguste Rodin, 24 anos mais velho que ela, escultor já consagrado, que se torna seu mestre e amante. Sua vida está relacionada à de Rodin até 1898, ano em que se separaram. A partir de 1906, arremete contra sua obra, destruindo grande parte de sua produção, numa espécie de exorcismo, como uma forma de livrar-se daquilo que ainda a vinculava ao homem amado e com a obsessiva dor do abandono, gravado em uma de suas esculturas. Rodin transforma-se num inimigo perseguidor, dentro do delírio paranóico de Camille. Em 1913, por ordem de sua mãe e de seu irmão, ela é internada em um asilo de loucos em Ville-Evrard. Em 1943 morre em sua prisão psiquiátrica, esquecida do mundo, sem glória, sendo enterrada, anonimamente, em uma vala comum.
A obra de Camille Claudel denota um deslocamento da satisfação pulsional pela via da sublimação. Os aspectos repetitivos emergentes de sua fala, localizados em sua modalidade agressiva face aos outros, denuncia a instauração da pulsão de morte, da compulsão à repetição. Sublimar não foi eficaz para Camille. Ela não encontra uma acomodação conveniente entre as suas reivindicações e as reivindicações culturais. A sublimação das pulsões não se revelou eficaz psiquicamente. Este espaço de falta, sempre presente, em conseqüência das sucessivas repressões sofridas no processo de existência do sujeito, se manteve vazio, incompleto. Camille em sua busca incessante para preencher um espaço de falta, através de suas obras de arte, não encontrou reconhecimento. Segundo Marilu Carneiro, “se pudesse Camille ser escutada, se pudesse ter entrado a prática do gozo fálico no dispositivo, talvez pudesse se deparar com o fato de que o sujeito pode faltar na cadeia significante. Poderia significar os seus símbolos. Talvez o desfecho fosse outro que a loucura”.
Camille Claudel sucumbiu. Talvez porque tenha buscado incansavelmente um reconhecimento. Como mulher, é abandonada por Rodin. Como escultura, não perverte sua obra. Pois então, a sua ética não corresponde à ética vigente. A sua ética é a do desejo. Os seus objetos não são socialmente aceitos.
Regina Fernandes
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2 comentários:
Regina excelente texto! Nas questões de loucra e arte você sabe tudo! Parabéns querida.
Teresa
Teresa a arte como sempre me encanta e me intriga. Obrigada pelo carinho.
Bjocas
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