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A obra de Camille Claudel denota um deslocamento da satisfação pulsional pela via da sublimação. Os aspectos repetitivos emergentes de sua fala, localizados em sua modalidade agressiva face aos outros, denuncia a instauração da pulsão de morte, da compulsão à repetição. Sublimar não foi eficaz para Camille. Ela não encontra uma acomodação conveniente entre as suas reivindicações e as reivindicações culturais. A sublimação das pulsões não se revelou eficaz psiquicamente. Este espaço de falta, sempre presente, em conseqüência das sucessivas repressões sofridas no processo de existência do sujeito, se manteve vazio, incompleto. Camille em sua busca incessante para preencher um espaço de falta, através de suas obras de arte, não encontrou reconhecimento. Segundo Marilu Carneiro, “se pudesse Camille ser escutada, se pudesse ter entrado a prática do gozo fálico no dispositivo, talvez pudesse se deparar com o fato de que o sujeito pode faltar na cadeia significante. Poderia significar os seus símbolos. Talvez o desfecho fosse outro que a loucura”.
Camille Claudel sucumbiu. Talvez porque tenha buscado incansavelmente um reconhecimento. Como mulher, é abandonada por Rodin. Como escultura, não perverte sua obra. Pois então, a sua ética não corresponde à ética vigente. A sua ética é a do desejo. Os seus objetos não são socialmente aceitos.
Regina Fernandes
2 comentários:
Regina excelente texto! Nas questões de loucra e arte você sabe tudo! Parabéns querida.
Teresa
Teresa a arte como sempre me encanta e me intriga. Obrigada pelo carinho.
Bjocas
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