12 fevereiro, 2008


No mundo conturbado de hoje, as relações humanas foram muito afetadas. Assistimos a todo um conjunto de novas transformações nos modelos tradicionais de relações, vemos a instituição casamento assumir formas diversas, assistimos a novos modos emergentes de constituir família, vemos as taxas de separações aumentarem cada vez mais. E o que é que acontece ao amor no meio disto tudo?
Antes de procurarmos explicações, ou tecer qualquer juízo de valor, devemos ter em mente que todas estas convulsões não são o reflexo de qualquer tipo de crise do amor, são antes novas formas de amar e que, por sua vez, acompanham o evoluir de todos os aspectos da vida. A sociedade moderna criou mais e melhores condições de realização pessoal e profissional, dando mais facilidades às pessoas de procurarem o seu caminho e a sua felicidade, então também as relações estão sujeitas às vicissitudes dessa mesma procura. O casamento libertou-se da sua função meramente reprodutora (tal como era entendido na Idade Média), da sua função econômica (a atribuição de um dote na idade Moderna, o estabelecimento de laços comerciais, para a burguesia do século XIX) ou da sua função estratégica e política (no caso da realeza desde sempre ou das famílias italianas do Renascimento). O casamento, mal ou bem, passou a ser o local de realização da felicidade, com opções em aberto. E é possível que por vezes essa realização da felicidade não aconteça. Logo, é preciso que haja um olhar com mais tolerância e de compreensão para os novos fenômenos das relações humanas. Existem no mundo de hoje uma infinidade de pessoas que encontraram novas formas de serem felizes com os seus parceiros, que tomaram opções que determinaram o seu bem-estar e dos que os rodeiam e encontraram novos equilíbrios. Trata-se de procuras, algumas delas sempre presentes na história da humanidade embora revestidas de outros contornos. As soluções dependem de cada um e toda essa pluralidade e diversidade conduz a que se ame mais nos dias de hoje do que era possível há uns tempos atrás. Feitas as contas, hoje há mais amor e há mais opções para nos aceitarmos como somos.


Regina Fernandes

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