31 outubro, 2009
Sobre o Tempo e Jabuticabas
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Já não tenho tempo para conversas intermináveis para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "...as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos".
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.
O essencial faz a vida valer a pena.
Basta o essencial.
( desconheço o autor )
30 outubro, 2009
Madrugada no Campo
Com que doçura essas brisa penteia
a verde seda fina do arrozal -Nem cílios, nem pluma,
nem lume de lânguida lua,
Nem o suspiro do cristal.
Com que doçura a transparente aurora
tece na fina seda do arrozal
aéreos desenhos de orvalho!
Nem lágrima, nem pérola,
nem íris de cristal...
Com que doçura as borboletas brancas
prendem os fios verdes do arrozal
com seus leves laços!
Nem dedos, nem pétalas
nem frio aroma de anis em cristal
Com que doçura o pássaro imprevisto
de longe tomba no verde arrozal!
- Caído céu, flor azul, estrela última:
súbito sussurro e eco de cristal
(Cecília Meireles)
27 outubro, 2009
O Realejo
Quem já tirou a sorte num realejo?
As férias da minha infância foram numa cidade do interior de Minas Gerais e na minha memória ficou aquela musica melancólica do realejo. O homem do realejo descia a rua sempre à tardinha rodando a manivela daquela caixa de onde saíam os papeizinhos que o periquito escolhia com seu bico, virando a cabecinha pra lá e pra cá e que diziam a sorte das muitas crianças e jovens que corriam felizes para saber seu futuro.
Era uma alegria geral, todos se juntavam para ler a sorte uns dos outros e guardavam maravilhados seus papéis para não perder a “boa sorte”, o que sempre acontecia, pois aquele bichinho pequenino nunca tirava nada além de coisas boas, elogios e bons conselhos.
“Você vai ser muito feliz na vida”. Tenho esse papel guardado até hoje! Me lembro de que às vezes, nos momentos tristes da minha adolescência eu corria no meu antigo diário e lia novamente aquela frase e ficava mais tranqüila na certeza de que ali estava escrito o meu destino.
Nunca mais vi um realejo. Acho que eles deixaram de existir, não há mais espaço para o sonho nas ruas. Uma pena!
26 outubro, 2009
Aromaterapia
Aromaterapia é a ciência e também a arte da terapêutica por meio da utilização de substâncias aromáticas naturais - os óleos essenciais.
Os aromas (que podem ser naturais ou sintéticos) são derivados dos óleos essenciais, substâncias naturais presentes nas plantas. Essas substâncias estão presentes nas flores, folhas, cascas, raízes e sementes.
Você pode aromatizar seu ambiente de várias formas: incensos, sprays, aromatizadores, velas. Basta você escolher a forma mais prática e que lhe agrada mais.
Por serem mais baratas, as essências são mais populares. As sintéticas são feitas em laboratório, já os óleos essenciais são extratos puros das flores e plantas.
Se a ideia é apenas deixar no ar um cheirinho gostoso, a essência é uma boa opção. Os difusores aquecem a essência e espalham seu aroma puro no ambiente. Já as velas aromáticas são ótimas para perfumar e decorar ambientes menores. As varetas de bambu ou madeira, que ficam mergulhadas em frascos de vidro com uma fórmula que leva óleo essencial, duram cerca de 60 dias.
25 outubro, 2009
Primavera
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Essta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim.
Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
(Cecília Meireles)
24 outubro, 2009
21 outubro, 2009
Arte na Mesa

(clique na figura para visualizar melhor)
Fico encantada quando vejo uma mesa bonita. Não é só a refeição que deve ser bem preparada, colorida e bem apresentada, a criatividade na arrumação da mesa também é fundamental.
Passeando pelo blog “Pão de Ló” (da Claudia Alcione Pereira, a Pixu) encontrei essa dica de “dobraduras de guardanapos” que são um luxo!
Fica aqui minha sugestão, tanto das dobraduras, como do blog "Pão de Ló".
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