
O termo “família” vem originalmente do latim “famulus”, que significa conjunto de servos e dependentes de um chefe ou senhor. Entre os chamados dependentes inclui-se a esposa e os filhos.
A família se constitui hoje como um espaço privilegiado para arregimentação e fruição da vida emocional de seus componentes. É inegável a sua importância no que se refere às relações sociais, pois é nela que aprendemos a perceber o mundo e a nos situarmos nele. É onde se forma a nossa primeira identidade social, sendo a família a mediadora entre o indivíduo e a sociedade.
É impossível entender o grupo familiar sem considerá-lo dentro da complexa trama social e histórica que o envolve. Sendo constituída de formas diferentes em situações e tempos diferentes, a família não é algo natural, biológico, mas uma instituição criada pelos homens em suas relações sociais. Essa instituição social forma-se em torno de uma necessidade material: a reprodução, sendo esta uma condição para a existência da família. Além da sua função ligada à reprodução biológica, a família exerce uma função ideológica, promovendo também sua reprodução social, ensinando a seus membros como se comportarem fora das relações familiares em toda e qualquer situação, sendo a formadora do cidadão.
A atuação familiar é vivida intensamente pelos indivíduos, agindo poderosamente no exercício da subordinação ideológica (representação institucional da família como algo natural e imutável), pois está presente desde o início da vida e é marcada por fortes componentes emocionais que estruturam, de forma profunda, a personalidade de seus membros.
Para alguns autores, a instituição familiar da sociedade capitalista é, universal e imutável tornando-se “sinônimo de família”. Outras formas são consideradas estruturas que ainda vão se diferenciar em direção a esse modelo ideal de família. Este teria por função desenvolver a “socialização básica”, numa sociedade capitalista que tem a sua essência no conjunto de valores e de papéis.
Já no olhar de outros autores, a família é o lugar onde se forma a estrutura psíquica, onde a experiência caracteriza-se, em primeiro lugar, por padrões emocionais; sendo o espaço social onde gerações se defrontam mútua e diretamente, e onde os dois sexos definem suas diferenças e relações de poder. Idade e sexo estão presentes, é claro, como indicadores sociais em todas as instituições.
Friedrich Engels elaborou a formulação materialista dialética sobre a gênese e as funções da família monogâmica, que surgiu e foi determinada pelo aparecimento de propriedade privada. Da forma de “família grupal”, na sociedade primitiva, a organização familiar teria evoluído para a “família monogâmica”, com estágios intermediários caracterizados sucessivamente por um grau cada vez maior de restrições às possibilidades de intercurso sexual. A culminância desse processo se deu com o “casamento monogâmico”, composto por um casal e com um caráter permanente de duração. Uma de suas principais finalidades seria a de garantir a transmissão da herança a filhos legítimos do homem, responsável pela acumulação material, o que só seria possível com a garantia de que a mulher exercia sua sexualidade no âmbito exclusivo do casamento, deixando claro, a importância da virgindade e da fidelidade conjugal da mulher.
Ao ouvirmos referências como: “crise familiar”, “conflito de gerações” e “morte da família”, percebemos que mesmo sendo a família, para alguns, a base da sociedade, a garantia de uma vida social equilibrada e célula sagrada que deve ser mantida intocável a qualquer custo; para outros, ela é uma instituição que deve ser combatida, pois representa um entrave ao desenvolvimento social, sendo nociva e propiciadora de neuroses e submissão de crianças e mulheres.
O amor e a autoridade constituem o eixo central da família (existe uma autoridade que diz o que devo fazer ou não para ser amado), caracterizando a família essencialmente pelas vivências emocionais desenvolvidas entre seus membros e pela hierarquia sexual e etária. As vias pelas quais, afeto e poder se relacionam dentro da família permitem-nos comparar os diferentes modelos de família e entender a dinâmica interna da família moderna associada a suas funções de reprodutora ideológica.
(Regina Fernandes)
O batom vermelho tem me acompanhado há décadas. Ele tem aquela aura quase proibida que vem desde os tempos antigos quando nossas mães nos diziam que éramos muito novas para usá-lo ou que íamos parecer prostitutas. Na moda ele vai e vem, mas comigo é uma história de amor e paixão. Uso batom vermelho todos os dia e nunca, jamais, saio de casa sem ele.
Na verdade ele faz meu estilo, minha trademark. Já aconteceu algumas vezes em que por algum motivo saí sem meu batom vermelho e alguém ter me perguntado se eu estava bem, ou se estava triste. As pessoas podem não identificar a falta do batom vermelho, mas percebem na hora que tem alguma coisa fora do contexto. Ele faz parte do que eu sou e sem ele me sinto no mínimo desarrumada.
O meu primeiro batom não era vermelho, era rosinha, quase incolor, da Avon – eu tinha 14 anos e amei! A partir dali fui aos pouquinhos comprando os rosados, cada vez mais fortes até que finalmente comprei meu primeiro batom vermelho! Esse dia foi fantástico e me lembro muito bem. Eu tinha mais ou menos 18/19 anos e entrei na Casa Sloper, no Rio, em Copacabana e o vi na prateleira, vermelho, brilhante... era tudo o que eu queria.
Não gosto dos tons alaranjados ou pink, na verdade não sei da onde saiu esse gosto, pois da minha família acho que sou a única com o bocão vermelho. Mas é assim que eu gosto e sou feliz!
(Regina Fernandes)

Por que me trancas
o rosto e o sorriso
e assim me arrancas
do paraíso?
Por que não queres
deixando o alarme
( ai, Deus: mulheres)
acarinhar-me?
Por que cultivas
as sem-perfume
e agressivas
flores do ciúme?
Acaso ignoras
que te amo tanto,
todas as horas,
já nem sei quanto?
Visto que em suma
é todo teu,
de mais nenhuma
o peito meu?
Anjo sem fé
nas minhas juras
porque é que é
que me angusturas?
Minha alma chove
frio e tristinho
não te comove
este versinho?(Carlos Drummond de Andrade)

Um viajante entrou num pequeno barco de transporte para chegar à outra margem do rio. O barquinho tinha dois remos de carvalho dirigidos por um barqueiro já idoso. Curiosamente, em um dos remos estava escrito ACREDITAR e no outro remo estava escrito AGIR.
Não podendo conter a curiosidade, o viajante perguntou ao barqueiro a razão daqueles nomes originais dados aos remos.
O barqueiro respondeu pegando o remo chamado ACREDITAR e remou com toda a força. O barco, então, começou a dar voltas sem sair do lugar que estava. Em seguida, largou o remo ACREDITAR e pegou o remo que estava escrito AGIR, e remou com todo o vigor. O barco girou em sentido contrário, mas novamente sem sair do lugar. Finalmente, o velho barqueiro, segurando os dois remos, remou com eles simultaneamente e o barco, impulsionado por ambos os lados, navegou através das águas do lago chegando ao seu destino na outra margem.
O barqueiro então disse ao viajante:
- Esse porto que chegamos se chama CONQUISTA.
Pra chegar onde você deseja é preciso ACREDITAR e também AGIR.

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
(Fernando Pessoa)
Existem mulheres que tem uma verdadeira obsessão por sapatos. Eu confesso sou uma amante declarada dos sapatos, sandálias altas, botas, tênis, scarpins. Uma festa, um evento, um encontro com amigas são alguns motivos para eu sair à busca de um novo par. Falando sério, o simples fato de passar em frente a uma vitrine é uma tentação irresistível, uma perdição. Às vezes estou só passeando e vejo um sapato que é a minha cara... pronto! Já estou eu dentro da loja experimentando, namorando e muitas vezes acabo comprando.
Não sou uma Imelda Marcos, nem chego perto da Claudia Raia, mas talvez seja pela simples questão de poder aquisitivo... elas podem, eu não!
Os sapatos são mágicos, eles mudam tudo, uma sandália rasteirinha, o salto agulha, uma bota, uma sapatilha definem o estilo da mulher, no ato.
Os sapatos nos fazem sentir sexy, chiques ou esportivas, eles denotam a idade, o estado de espírito, o desejo do momento e até mesmo o nosso humor. Uma calça jeans e uma camiseta básica, com um belo par de scarpins fechou o visual!
Uma vez ouvi de uma amiga a afirmação de que mulheres de sapatilhas são mais confiáveis, porque as de salto agulha estão prontas para matar... Será?
(Regina Fernandes)
Respiro
sinto cheiro de mar
sinto cheiro de brisa
sinto cheiro de rosas
sinto cheiro de amor
sinto a noite cair
sinto o dia amanhcer
sinto saudades de você...
(Regina Fernandes)