11 julho, 2008
A linguagem e a Fala
A compreensão da linguagem parece preceder a compreensão da fala, pois a criança se comunica através de gestos, olhares, e mímica antes de poder se expressar oralmente. Ela também compreende muitas palavras num estágio bem anterior àquele em que adquire capacidade para articulá-las.
Para aprender a falar, o ser humano precisa ter perfeitos órgãos sensoriais, motores e de articulação, além de um processo normal de evolução do sistema nervoso. É a partir desses elementos que ela desenvolve uma linguagem correta, clara e lógica, imprescindível à sua integração social.
Tendo em vista a importância da linguagem, fica fácil avaliar a problemática vivida por indivíduos portadores de deficiências nessa área. Quando a fala é defeituosa, por exemplo, o fato chama a atenção da pessoa que ouve, interferindo, portanto, na comunicação. Em se tratando de uma criança, o problema é maior: além de torná-la desajustada ao meio em que vive a deficiência provocará reflexos na aprendizagem e no aproveitamento escolar.
Recentemente, uma série de investigações sistemáticas e pormenorizadas
demonstram até que ponto os fatores ambientais são importantes para o desenvolvimento da linguagem. A influência do meio acontece desde muito cedo e seus efeitos são duradouros. O modo de falar dos pais é muito importante para o desenvolvimento da linguagem e da fala da criança. E os irmãos também, como no caso de um filho mais velho que, ao perceber a atenção que o irmão mais jovem recebe com seu modo de falar infantil, passa a imitá-lo até que isso se torne automático.
De uma maneira geral, o ambiente no qual a criança se desenvolve “fornece“ o clima emocional, os modelos verbais e as experiências infantis. Ambiente descontraído e segurança afetiva influem de maneira positiva no desenvolvimento das etapas iniciais de vocalização e balbucio.
Os modelos verbais influem pela quantidade, pela qualidade e também por sua vinculação com as experiências imediatas da criança. Escassez e exagero, por exemplo, são contraproducentes; construções gramaticais e articulações muito infantis (ou em nível por demais adulto) desfavorecem o desenvolvimento.
Mas o intercâmbio entre a criança e o adulto não se restringe a um recebimento passivo por parte da primeira. A estimulação é mútua. Os adultos tendem a se desinteressar por crianças pouco ativas e que respondem escassamente aos estímulos. Por outro lado, as crianças cujas vocalizações são ignoradas ou reprimidas dificilmente aumentam ou diversificam suas emissões.
Além dos fatores ambientais, o desenvolvimento da linguagem depende também de condições biológicas, que devem ser consideradas sob dois aspectos: a hereditariedade e o estado de saúde.
Regina Fernandes
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