22 setembro, 2007
Se você não sabe quem foi Ray Conniff, me dá vontade de dizer que então você não viveu. Mas não vou dizer. Juro. É que ele morreu há pouco tempo, e eu me pus a pensar na minha vida musical dos anos 50 pra cá.
Comecei com ele, nos Bailes de Debutante. Love Is a Many-Splendored Thing é marco não apenas musical, mas de letra. Dançar de rosto colado ouvindo Hi-lilli, Hi-lo jamais poderá ser descrito em dígitos. Mas a minha geração encarou todas. Logo veio o Elvis Presley e todo mundo virou roqueiro. O Ray Conniff era um velho. Imagine que, logo depois, chegam os Beatles. Depois a música de protesto, a bossa nova, o tropicalismo. A gente encarou todos os movimentos com uma seriedade que não existe mais hoje. Mas no fundo, no fundo, agora chego à conclusão de que o som da minha geração foi mesmo Ray Conniff. A paz do seu som. Ele sempre foi parte integrante das nossas alegrias e, o que enobrece a sua importância, compartilhou sua música com nossos amores. Todos da minha geração dançaram ao som da sua música envolvente, de seu balanço sedutor: o rosto colado, o chega pra lá sem perder o contato das mãos para poder trazer nosso par de volta, para o nosso abraço, todos os passos sob o olhar fiscalizador da mãe dela (a futura sogra?). Ele foi o símbolo do romance, do charme, nas festinhas, nos bailes de formatura e, também, nas boates.
Sua alva figura fará falta sim, e muito.
Acho que é isso. Somos todos uns conservadores. A gente tem uns cabelos, uns tênis, mas a gente já passou dos 50. Por mais que tenhamos nos apaixonado pelos Beatles, pelos Stones, pelo Chico e Caetano, pela Janis Joplin, na hora do vamos ver, a gente ataca é mesmo de Ray Conniff.
(Mario Prata)
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Um comentário:
Beleza de postagem, Regina, acho tudo isso e mais um pouco! Hoje já não mais se dança de rosto colado etc e tal, o pessoal pula, se sacode, esperneia... Mas cada um na sua!!
bjs
tais luso
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