Há poucos dias meu filho passou na minha casa depois do trabalho. De terno, bonito, cheiroso e feliz. Olhei-o bem e percebi que o meu menino cresceu, está “um homem feito”, como dizia minha avó! E com isso fiquei pensando na vida, no tempo que passou. A vida como eu conhecia acabou. Gastou. O filho criado, o marido que se foi, entes queridos que também se foram. Agora sobra-me tempo. E o que fazer desse tempo faltoso, dessa lacuna doída, desse gosto de “quero mais”? Descobri que a resposta está na pergunta. O que fazer? Quero mais, quero tudo que tenho direito!
Agora que me sobra tempo para as coisas que gosto de fazer o que mais quero é viver! Acho que estou só começando, ou, querendo começar tudo de novo! O tempo é a maior riqueza que o ser humano tem. Mas não quero nada de recuperar o tempo perdido, não quero mudar meu estilo, nem fazer cirurgia plástica, não quero freqüentar lugares como academias, discotecas, ou coisas afins. Quero administrar minha vida com calma, com qualidade, com alegria, e tirar um bom proveito da maturidade. Não aceito o estereótipo da meia idade. Não quero ser posta de lado por estar próxima da velhice, ser descartada no mercado de trabalho ou da vida amorosa. Envelhecer é um processo natural e não precisa ser doloroso. Também não quero entrar no jogo moderno de empurrar a velhice para frente, me tornar ridícula com roupas que não são a minha cara, cirurgias, maquilagem que não fazem sentido para uma mulher inteligente e sensível. Quero envelhecer em paz, sem cair nessas armadilhas da indústria do rejuvenescimento que estão por aí, prendendo as mulheres numa redoma de silicone e botox. A verdadeira maturidade traz para a mulher mais sabedoria, mais solidariedade, mais generosidade. Esse momento da vida pode ser assustador, mas pode ser usado para ótimas transformações pessoais, como mudar o corte de cabelo, modificar o guarda-roupa, viajar, passar mais tempo com os amigos, escrever um livro, fazer um curso que interesse. A lista de alternativas é extensa e reflete a diversidade de desafios assumidos pelas mulheres que optam pela felicidade. Dizem que a mulher madura é “um fruto amadurecido graças à magia da seiva e à alquimia do tempo. Seu estado de espírito revela equilíbrio e harmonia como em nenhuma outra fase da sua vida. Nada é promessa, tudo é realização”. Portanto resta-me agora com todo charme, elegância e equilíbrio, sem desvarios ou arrependimentos, me orgulhar dos anos vividos, de ser esse fruto maduro e viver intensamente a minha época da boa safra!
Regina Fernandes